Estamos vivendo um período de incertezas que tem alimentado muita reflexão sobre nosso papel na sociedade e na economia. E eu me interesso particularmente pela forma como o consumo, suas tendências, variações ou mesmo a falta dele, impacta economias e indivíduos. O que venho percebendo e analisando é que estamos passando não por uma crise econômica padrão, causada por problemas nos princípios ou modelos da própria Economia e de fácil análise a partir de crises passadas. O que temos é um choque econômica causada por uma mudança do consumo, causada por uma crise dentro da base mais essencial de nossa sociedade, a Vida Humana e a Saúde, afetando todos os pilares de compra, venda e troca.
Queda de renda ou transferência de renda?
No primeiro momento da Pandemia de Covid-19, com o fechamento e paralisação de diversas atividades, o que vimos não foi uma queda no poder de compra, mas sim uma impossibilidade de realizar certos tipos de compra, e passamos a ter uma transferência de capital de áreas inteiras para outras áreas e outros tipos de serviços. Restaurantes fechados de um lado, mas em contrapartida, aplicativos de pedidos de comida crescendo e tendo que aumentar seu volume e seu alcance. Uma massa de pessoas trabalhando de suas casas, tentando descobrir como fazer pão e cortar cabelos por conta própria, os voos cancelados, hotéis vazios. Mas por outro lado, o mercado de material de construção expandia suas vendas para milhares de novos Home Offices. Teatros e cinemas fechados causaram uma explosão de serviços de Streaming, serviços de Internet de alta velocidade, e a nova cultura das Lives, com shows e entretenimento 24 horas por dia. Muitos de nós nunca viram tantos filmes e leram tantos livros.
Mudança no comportamento de consumo
Sem dúvida as economias encolheram, mas ainda não identificamos em nossa plataforma de dados uma redução tão forte no consumo. Ela deve vir, mas o que estamos presenciando foi muito mais uma mudança de comportamento de consumo, que afundou mercados e alavancou outros. Perdas de um lado, mas oportunidades de outro. E podemos identificar isso na micro escala do indivíduo.
O que você deixou de consumir e percebeu que consumia demais? Todos nós temos algo que podemos usar como exemplo, por mais trivial que pareça. Eu criei o hábito de comprar todo dia de manhã, enquanto caminhava para o escritório, uma bebida chamada Chai Latte, feita com chá preto e especiarias. Um mês sem ela e resolvi aprender a fazer minha versão em casa, vendo vídeos em mídias sociais. Hoje voltei a tomar meu Chai Latte todos os dias, uma versão caseira e muito saborosa. Mas agora, em vez de comprar o produto pronto em uma Cafeteria, passei a comprar os ingredientes pela internet em lojas de produtos naturais.
O que precisamos nesse momento é perceber que não existe “novo normal”. Que o normal é sempre mudar e evoluir, sempre adaptar nossa realidade, construindo, flexibilizando e agindo. E dentro desse ponto de vista, temos todas as qualidades necessárias para impedir que a economia desabe e, pelo contrário, levarmos ela a patamares ainda maiores. E foi dessa maneira, e com esse pensamento que imaginei 4 pilares que serão fundamentais para apoiar o telhado da retomada econômica.
1- Digitalização dos Negócios
O primeiro pilar sem dúvida é a digitalização dos negócios. Digitalizar negócios não é simplesmente oferecer produtos pela internet, é literalmente digitalizar a Operação, a Marca, até mesmo a forma de trabalhar. Startups são especialistas nisso. Já passou da hora das empresas permitirem o trabalho remoto, focar em resultados em vez de homem hora, digitalizar processos para automatizar sua estrutura e cortar custos. Um novo modelo de trabalho pede novos modelos de operação, enxutos e automatizados. E um novo modelo de digitalização necessita que a marca de um negócio esteja na linha de frente, de cara para o cliente, e não dentro de um único sistema repleto de concorrentes, sem controle ou voz. E para alguns mercados e negócios, agora é hora de correr. E nessa corrida, ter os parceiros certos para criar as melhores soluções digitais e customizadas, é fundamental.
2- Inteligências de dados
Nesse momento, conhecer o mercado, as soluções de digitalização, o padrão de consumo do mercado eletrônico, é fundamental para estratégias adequadas. Mas a informação que nos chega é cada vez mais abundante. Fala-se muito em Big Data, mas pouco em Soluções de Inteligência de Dados (Data Intelligence). O mais importante é sabermos o que fazer com o volume de informação que temos a disposição, e para isso, precisamos de plataformas customizadas que organizem esses dados para facilitar a análise e a tomada de decisão. Onde e como investir, quais tendências do mercado devo adotar para atender meu cliente, quais mercados estão aquecidos, são decisões fáceis quando se tem uma informação que foi categorizada e organizada para cada negócio e necessidade.
3- Fidelização inovadora
No momento em que os negócios vão reabrindo ou se digitalizando, ganhar a confiança do cliente, atraí-lo e engajá-lo para que ele experimente de novo aquele produto ou serviço é ainda mais fundamental. Novas formas de fidelização são imprescindíveis, e que sejam inteligentes e digitais também. As soluções de cashback são hoje as melhores, de preferência aquelas que realmente criam engajamento e confiança entre o cliente e a marca de um negócio. Soluções de fidelização devem ser também customizadas, flexíveis e integradas aos diferentes sistemas de relacionamento com o cliente. Mais do que dar brindes e descontos, quando monetizamos o engajamento do cliente com uma campanha de cashback bem planejada, criamos uma relação muito maior de troca e fidelidade.
4- Somos todos vendedores
Em uma nova economia digitalizada e descentralizada, todos os indivíduos podem criar valor, e gerar receita para si e para outros negócios. E se a economia encolher, o dinheiro ficar curto, e o consumo cair, milhares de pessoas terão a necessidade de abraçar novas possibilidades de criar, vender, experimentar e consumir.
Todos somos fontes de receita e consumo. Todos somos vendedores e promotores de produtos e serviços. E os negócios que souberem monetizar essa força de vendas e influência, alavancando o Social Commerce, vão alcançar resultados incríveis.
Com esses pilares estruturados, força de vontade e o espírito empreendedor que faz parte de nossa Cultura, quem sabe tenhamos mais do que uma retomada econômica, e possamos ter uma era de ouro, com consumo inteligente e sustentável, com mais acesso às novas oportunidades de geração de renda e de trabalho. Um futuro onde nenhuma vida seja perdida, seja por causa de uma nova doença, seja por causa de uma crise econômica.